Estado cresce na geração do alimento e entra no top-5 de maiores produtores do País. Santana do Cariri foi, em 2022 e 2023, a maior produtora de mel de abelha do Brasil, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE
Santana do Cariri, no sul do Ceará, foi a cidade que mais produziu mel de abelha no Brasil no ano passado. As informações foram divulgadas em setembro na Pesquisa da Pecuária Municipal de 2023 (PPM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano passado, o município produziu quase 1,2 milhão de quilos (kg) de mel de abelha, sendo um dos únicos três do País a ter produção superior a 1 milhão de kg. A liderança de Santana do Cariri confirma a tendência observada desde 2022 pela PPM.
Há dois anos, a cidade cearense cresceu mais de seis vezes a produção de mel de abelha na comparação com 2021 e se tornou a maior produtora do alimento no País, sendo inclusive o único município a gerar mais de 1 milhão de kg.
Em 2023, Santana do Cariri continuou na liderança e foi o único município a se aproximar dos 1,2 milhão de kg de produção do alimento. O resultado também puxou o Ceará, que era o 8º maior produtor de mel de abelha do País entre os estados. Agora, o território cearense ocupa a 5ª posição.
Produção de mel de abelha no Brasil
Santana do Cariri (CE) é o município que mais produz mel no País; Ceará é o 5º estado
Posição
1º
Estado
RS
Tamanho da produção (em quilogramas)
9.111.304
Maior cidade produtora
Santiago
Produção da cidade (em quilogramas)
754.088
Posição da cidade no País
6º
Posição
2º
Estado
PI
Tamanho da produção (em quilogramas)
8.829.805
Maior cidade produtora
São Raimundo Nonato
Produção da cidade (em quilogramas)
916.693
Posição da cidade no País
4º
Posição
3º
Estado
PR
Tamanho da produção (em quilogramas)
8.488.483
Maior cidade produtora
Arapoti
Produção da cidade (em quilogramas)
1.051.523
Posição da cidade no País
2º‹
/ 9›
Fonte: PPM/IBGE
O Piauí, vizinho cearense, é o maior estado produtor de mel do Nordeste brasileiro e o segundo maior do País, atrás somente do Rio Grande do Sul. Dados da PPM 2023 indicam que o território piauiense foi responsável, no ano passado, por cerca de 8,83 milhões de quilos produzidos.
“Melhor mel do Brasil” é do Cariri, diz presidente da Faec
Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), celebra o crescimento da produção de mel de abelha no Ceará conforme os dados do IBGE, e defende a qualidade do alimento fabricado no Estado, bastante consumido por demais partes do País.
“Fizemos uma rodada de negociação de mel aqui, os compradores eram todos do Piauí, não tinha nem comprador do Ceará, compraram muito aqui. O mel lá do Cariri é fantástico, é talvez o melhor mel do Brasil”, pontua.
O presidente da Federação Cearense de Apicultores (Fecap), Joventino Neto, vai além. Para além, o Ceará “tem o melhor mel do mundo”, premiado nacional e internacionalmente, e o volume da produção em 2024 pode chegar até a 10 mil toneladas do alimento, quase o dobro da geração contabilizada pelo IBGE.
O Ceará já é o maior produtor de mel do Nordeste. Temos que fazer uma campanha de conscientização junto com Faec, Sebrae e Adagri, que é o difícil juntar gregos e troianos. Temos que agregar todo esse grupo em prol do apicultor. Iremos isentar o mel, mas precisamos da ajuda do apicultor. Se vender o mel para fora, precisa ser dito quantas toneladas está produzindo.
Presidente da Fecap: Joventino Neto
Mel cearense comprado pelo Piauí prejudica contabilidade
Esse aumento expressivo de produção de mel de abelha no Estado, no entanto, nem de perto mostra o tamanho da cadeia produtiva do alimento no Ceará. Tanto Amílcar Silveira quanto Joventino Neto defendem que o território cearense já é o que mais produz no Nordeste, mas enfrenta desafios de venda da safra para outros locais, principalmente o Piauí.
O presidente da Faec é categórico ao afirmar que discorda dos números do IBGE, pois, na visão dele, “boa parte do nosso mel de abelha está sendo colocado como se fosse mel do Piauí.
Somos grandes produtores de mel. Infelizmente tem uma saída de mel que vai para o Piauí, onde estão os maiores exportadores de mel e que, nas estatísticas, não somos colocados com esse mel que sai principalmente dos Inhamuns para o Piauí. A maioria do mel que as exportadoras compram vêm dos Inhamuns cearense, sai por ele como ponto de exportação do Piauí. É um erro, esse mel é produzido no Ceará.
Presidente da Faec: Amílcar Silveira
No balanço feito por Joventino Neto, o Ceará tem 50 mil apicultores, mas muitos deles ainda não declaram toda a produção por medo de serem tributados com impostos elevados, uma vez que o Estado é o único do País que não tem isenção para a cadeia produtiva do mel de abelha.
“O mel daqui é geralmente comprado pelos outros estados, todos isentos de ICMS. O Ceará é o único estado que tem isenção, então os outros compram o mel daqui sem tirar nota fiscal, embalam e vendem barato no Ceará. O mel cearense ganha prêmio em Santa Catarina como o melhor mel do Brasil, e já ganhou até mundial com o nome do outro estado”, expõe.
Ainda de acordo com declarações do presidente da Fecap, o Ceará é o único cuja cadeia produtiva do mel de abelha paga alíquota cheia do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de 20% atualmente.
A Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE), no entanto, diz que “não há cobrança de ICMS” do mel de abelha em estado natural, que sai do estoque dos apicultores para a indústria de processamento. Segundo a pasta, existe uma tributação de 7% após as fábricas adquirirem o produto, prevista em lei aprovada em 2023.