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AGRONEGÓCIO

Faec e 3 Corações conversam para fazer do Ceará polo cafeeiro

Presidente da Faec, Amílcar Silveira (na cabeceira da mesa) reunido om produtos capixabas de café e outras culturas em Linhares (ES)

Geografia cearense tem solo e clima semelhantes aos do Espirito Santo, grande produtor de café e pimenta do reino e gengibre, que também podem ser produzidos aqui

Informação exclusiva: o Ceará descobriu que seu litoral de quase 600 quilômetros de extensão tem solo propício para, com um pouco de trato, produzir café robusta.

Quem o diz é o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, que há 10 dias, na companhia de empresários do agro cearense, visitou o município de Linhares, no Espírito Santo, um dos maiores produtores brasileiros de café e de pimenta do reino e gergelim, culturas que também podem ser desenvolvidas aqui em curto prazo.

A diretoria da Faec quer fazer do Ceará um polo produtor de café, e para isto já recebeu o apoio do empresário Pedro Lima, sócio majoritário e CEO da 3 Corações, maior indústria brasileira de beneficiamento do café, com sede em Fortaleza, que também aposta na viabilidade do empreendimento, que integra um pacote de projetos estratégicos destinados a ampliar as culturas agrícolas cearenses, agregando-lhes valor, visando, de modo preferencial, o mercado externo.

“O Espírito Santo exporta, somente em café, US$ 2,1 bilhão, ou seja, mais do que o total das exportações cearenses, incluindo placas de aço. O clima e o solo do Norte do Espírito Santo são mais ou menos parecidos com o nosso, e os próprios produtores capixadas entendem, igualmente, que é viável produzir café no Ceará, e é por isto que estamos animados a dar sequência ao nosso projeto de transformar o nosso estado num polo cafeeiro” – diz, entusiasmado, Amílcar Silveira, com o aplauso de Sílvio Carlos Ribeiro, secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do Governo estadual.

A estratégia da Faec era – e continua sendo – a de ampliar as culturas do agro, usando para isto os perímetros irrigados hoje administrados pelo Dnocs, cuja área é subutilizada por força de gestões equivocadas. Tudo ia bem, mas surgiu o tarifaço imposto pelos EUA aos produtos exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano. Diante da nova situação, mas na esperança de que esse tarifaço terá vida curta, o comando da Faec volta-se para a implementação do projeto cafeeiro.
“Precisamos de agregar valor à nossa produção agrícola. Por exemplo: hoje, o Ceará cultiva soja em 1.600 hectares, com uma renda de cerca de R$ 16 milhões; se essa mesma área produzisse café, essa renda saltaria para mais de R$ 200 milhões”, expõe o presidente da Faec, acrescentando:

“Em alguns dos perímetros irrigados pelo Dnocs, produz-se coco verde; se em vez de coco o cultivo fosse de gergelim ou de pimenta do reino, o valor da produção seria multiplicado. Temos que, rápida e estrategicamente, substituir por culturas de valor agregado as que hoje não agregam valor à nossa agricultura.”

Na opinião do presidente da Faec e do empresário Fábio Régis, dono do Sítio Barreiras, que produz banana no Cariri e que participou da visita a Linhares, se apenas 30 mil hectares da área total de 54 mil hectares dos perímetros irrigados pelo Dnocs (dos quais só 17 mil produzem) produzissem culturas de valor agregado, seria possível aumentar em 6% o PIB do agro do Ceará. E se essa área fosse toda ocupada pela produção de café, o PIB da agricultura cearense cresceria 20%. O que pretendem a Faec, a 3 Corações e o Governo do Estado, via SDE, “é fazer do Ceará um polo agrícola importante, produtor de culturas de alto valor agregado.”, como dizem Amílcar Silveira e e o secretário Sílvio Carlos Ribeiro.

Eles esclarecem: o café é apenas uma dessas culturas, porque o gergelim, a pimenta do reino, o mirtilo, o cacau, por exemplo, são produtos que se incluem no projeto da Faec, que buscará “o necessário apoio” do presidente da Federação das Indústrias (Fiec), Ricardo Cavalcante, como adianta Amílcar Silveira, que faz questão de destacar “a vital parceria com a 3 Corações, que responde por 30% do café brasileiro”.
“Estamos conversando com Pedro Lima, pois sua empresa pode comprar o que aqui for produzido, subsidiar o empreendimento, que testará vários clones das variedades de café, incluindo a robusta que é a mais produzida e consumida aqui e no mundo. Também estamos conversando com a Embrapa, cuja expertise será essencial para o êxito do nosso projeto.”

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