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ALECE

Alece discute impacto das relações abusivas em roda de conversa com psicólogas

Roda de conversa realizada pela Alece reuniu psicólogas e público no auditório da Casa para discutir os impactos emocionais e sociais das relações abusivas e tóxicas

Psicólogas conduzem roda de conversa na Alece sobre como identificar e romper ciclos de relacionamentos abusivos, em ação voltada a servidores e ao público externo

Com o objetivo de promover a conscientização sobre os sinais de relacionamentos tóxicos e abusivos, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realizou, na manhã desta segunda-feira (30), uma roda de conversa com o tema “O lado sombrio do amor: identificando relações tóxicas e abusivas”. A atividade, promovida pelo Comitê de Responsabilidade Social da Casa por meio da Célula de Saúde Mental e Práticas Sistêmicas Restaurativas, reuniu servidoras, servidores e comunidade no Auditório das Comissões Técnicas.

O encontro foi conduzido pelas psicólogas Isabel Teixeira, Nara Guimarães, Samya Régia e Isabel Martins, com mediação da psicóloga Isabel Brito, representante da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Municipal de Fortaleza. Ao abordar os aspectos emocionais das relações afetivas, as especialistas reforçaram a importância da escuta, do reconhecimento da dor e da busca por redes de apoio para o rompimento do ciclo da violência.

“Relacionamentos abusivos podem estar em qualquer esfera — família, trabalho, amizades —, mas aqui estamos falando da dimensão afetiva. O abusador geralmente é o mais imaturo emocionalmente e compensa isso com controle, ciúmes excessivos, invalidação e agressividade”, explicou Isabel Teixeira. Segundo ela, identificar esse tipo de relação exige observar as próprias sensações: “Você está crescendo nessa relação ou está diminuindo? Se sente mais segura ou mais insegura? Consegue ser você mesma ou sente que perdeu sua identidade?”.

A psicóloga recorreu à metáfora da “bola que murcha” para ilustrar como o controle emocional do outro afeta a autoestima e o senso de pertencimento. “Quando alguém tenta moldar o outro a seu controle, o que resta é um ser emocionalmente esvaziado, sem vontade própria”, afirmou. A saída, segundo ela, começa com uma decisão consciente: “Muitas vezes esperamos deixar de amar para sair, mas não é assim. A decisão vem antes, o sentimento vem depois”.

Isabel também destacou o papel fundamental do autocuidado e da recuperação da própria identidade: “Retomar hobbies, amigos, espiritualidade. Buscar ser interessante para si mesma novamente. Isso fortalece a pessoa para que ela, no futuro, não repita o ciclo com outro abusador”.

A fala foi complementada por Isabel Brito, que representou a Procuradoria Especial da Mulher da Câmara. A psicóloga destacou a importância de ações fora dos espaços institucionais, como feiras, escolas e comunidades, para ampliar o alcance das informações e estimular denúncias. “A informação é uma forma de combate. Quando a gente explica o que é violência e como identificá-la, vemos um aumento real nos atendimentos”, observou.

Segundo ela, o acolhimento começa já no primeiro contato com a equipe da Procuradoria, que conta com psicóloga, advogada e assistente social. “Nosso objetivo é evitar a revitimização. A vítima não precisa contar a história várias vezes. Acolhemos de forma integrada e, a partir disso, direcionamos para os serviços necessários — medida protetiva, apoio psicológico, orientação jurídica, inserção em creches e até aluguel social”, detalhou.

A psicóloga também ressaltou que romper o ciclo da violência exige apoio contínuo. “É preciso tempo, escuta e acompanhamento. Nenhuma mulher está imune a viver isso. E nenhuma deve passar por isso sozinha”, afirmou. A fala encerrou com um chamado à responsabilidade coletiva: “A cultura do que é o amor precisa ser transformada. Não é só tarefa das mulheres, mas de toda a sociedade”

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