As exportações cearenses de mel de abelha, castanha de caju e cera de carnaúba estão suspensas por causa do tarifaço
No Ceará, está ameaçado o emprego de 70 mil pessoas na área da pesca, 50 mil na do caju e 170 mil na cera de carnaúba
Ontem, reuniram-se 21 empresários da indústria e da agropecuária do Ceará. Eles passaram em revista a difícil situação em que se encontram alguns importantes setores da economia estadual castigados – esta é a expressão correta – pelo tarifaço de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano.
De acordo com a Federação das Indústrias (Fiec), só o setor de pescados, que exporta quase tudo para os Estados Unidos, dá emprego direto a cerca de 70 mil pessoas, incluindo os pescadores, a tripulação das embarcações e o pessoal em terra. Por sua vez, a agroindústria da castanha de caju emprega, na sua produção e no seu beneficiamento, mais de 50 mil pessoas. E a cera de carnaúba abriga outros 170 mil trabalhadores.
“Como se vê, é uma engrenagem que não pode e nem deve parar, pois é essencial para a economia cearense”, como diz o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante.
Seu colega da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), Amílcar Silveira, que será eleito em outubro segundo vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), disse ontem à coluna que o trabalho conjunto das duas maiores entidades empresariais do Ceará caminha em perfeita sintonia com o esforço do governador Elmano de Freitas, que é voltado para dois objetivos: ampliar os setores excluídos do tarifaço e evitar que haja desemprego.
“O governador Elmano tem sido expedito no encaminhamento das providências junto ao vice-presidente Geraldo Alkcmin, que tem o comando dessa operação de emergência. Ao mesmo tempo, ele, com o apoio do Poder Legislativo, já tornou legais as medidas que, no âmbito do governo estadual, serão adotadas para acudir as empresas atingidas pelo tarifaço”, disse Amílcar.
Como se observa, a indústria de calçados e a de beneficiamento do pó de carnaúba, da amêndoa do caju e dos pescados, incluindo os chamados peixes vermelhos, como o pargo, agregam valor ao produto exportado, e aqui está a diferença, pois eles valem mais em dólar, gerando divisas para o Ceará e a sua economia. É por este motivo econômico e, também, pelo motivo social expressado no número de empregos mantidos pela atividade produtora e exportadora que a Faec, a Fiec e o governo estadual estão, mais uma vez, de mãos dadas. Esse time tripartite enfrenta um problema que se tornou azedo pelo conteúdo político que o presidente Donald Trump inseriu no primeiro parágrafo de sua Ordem Administrativa que estabeleceu o tarifaço. Sem essa pitada da política, não teria havido o tarifaço, ou seja, o Brasil teria sido apenado com uma tarifa média de 15%, como o foi a maioria dos países.
Para além das grandes empresas cearenses torturadas pelo tarifaço de Trump, há, ainda, no setor do agro, os pequenos produtores de mel de abelha, de flores e plantas ornamentais, de tilápia e de manga, que agora estão dedicados ao trabalho de abertura e conquista de novos mercados, para o que se socorrem do Sebrae-Ceará. Como é na dificuldade que se revelam os fortes, é muito possível que, ao fim e ao cabo desta difícil e penosa jornada, surjam os que, tendo usado o engenho e a arte, serão saudados como heróis da criatividade. O que o Brasil exporta para os Estados Unidos é muito importante para a indústria e o serviço de lá. Chegará um momento em que o governo norte-americanos terá de rever seu tarifaço. Esta é a esperança dos brasileiros.
O que o Brasil exporta para os Estados Unidos é muito importante para a indústria e o serviço de lá. Chegará um momento em que o governo norte-americanos terá de rever seu tarifaço. Esta é a esperança dos brasileiros.