O agronegócio tem sido um dos principais fatores do crescimento do PIB no Estado
O Ceará tem vivenciado nos últimos anos uma transformação significativa em sua atividade agrícola, que, embora traga grandes oportunidades, também impõe desafios importantes. Tradicionalmente associado à seca e ao semiárido, o Estado começa a explorar uma nova fronteira agrícola, ampliando a produção e exportação de diversos produtos.
Diante disso, o agronegócio tem sido um dos principais fatores do crescimento do Produto Interno Bruno (PIB) no Estado. Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), neste ano dentre os três setores que compõem o PIB (serviços, agropecuária e indústria), o melhor resultado no terceiro trimestre ficou com o agro, que apresentou desempenho de 18,56% em relação ao terceiro trimestre de 2023, superando a queda de 0,8% registrada no Brasil no mesmo período.
De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) entre os principais destaques do agronegócio cearense estão a produção de castanha de caju (49,4% da produção nacional, com 63.258 toneladas colhidas anualmente); coco-da-baía (21,6% da produção nacional, com 519.037 toneladas colhidas em 2023); melão (7,6% da produção nacional, com 65.887 toneladas); camarão (57% da produção nacional); leite (18,1% da produção regional (1.135.748 mil litros).
Em relação à produção de ovos, o Ceará é o maior produtor do Nordeste, com 28,9% do total da região (290.331 mil dúzias).
Expansão
A expansão da fronteira agrícola no Ceará tem possibilitado a diversificação da produção. Culturas como o milho, feijão, arroz, algodão, além de frutas como melão, manga e caju, têm mostrado grande potencial de crescimento.
A dinamização é uma estratégia importante, pois permite reduzir a dependência de um único produto e garante mais estabilidade econômica para os produtores. O “Projeto Algodão do Ceará”, por exemplo, foi lançado com o objetivo de revitalizar a produção de algodão no Estado, buscando trazer de volta os tempos áureos das décadas de 1950 e 1960.
Por meio da qualificação do produto e da introdução de um selo de qualidade, a estratégia visa não apenas aumentar a competitividade do algodão cearense no mercado, mas também impulsionar a agroindústria local. A ideia inicial é produzir até 10 mil hectares, no Cariri, em 2025. E, nos próximos anos, ampliar a produção para atingir o patamar de 100 mil hectares. Com isso, a expectativa é que haja um impacto de R$ 2 bilhões na região. Atualmente, já foram comercializados, a produtores do Mato Grosso, um total de 12.500 hectares.
“Além do solo, nós temos regiões com altitude de 800 metros acima do nível do mar como na Chapada do Araripe, aptas para o plantio. Produtores de algodão do Mato Grosso, estado que mais produz o item no Brasil, já compraram algumas áreas e a nossa meta é de pelo menos 100 mil hectares. O Ceará tem o quarto parque industrial têxtil do Brasil, que hoje conta com 106 mil toneladas de algodão em pluma por ano”, explica Salmito Filho, titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará.
Outro ponto de destaque é a importância da qualificação. Amílcar Silveira, presidente da Faec, ressalta a necessidade de buscar a capacitação da mão de obra. “Nosso objetivo é gerar oportunidades para que as pessoas possam produzir no campo”, afirma. Ele lembra que um dos grandes problemas é a situação de vulnerabilidade econômica e social nas áreas rurais no Ceará. “A criação de empregos é uma forma de mudar essa realidade”, argumenta.