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Ceará planeja abatedouro especial para atender mercado islâmico e ampliar exportações de carne caprina

Símbolo do semiárido, a cabra é um dos animais mais adaptados ao clima seco da região

A caprinocultura vive um momento de transformação e crescimento no Ceará. Com a produção em alta, o Estado se prepara para implantar um abatedouro especializado no atendimento ao mercado islâmico, dentro do projeto que prevê a criação do primeiro Cluster Halal de exportação de caprinos e ovinos do Brasil.

Símbolo do semiárido, a cabra é um dos animais mais adaptados ao clima seco da região. Resistente à estiagem, ela se alimenta com facilidade, necessita de pouca água e não degrada o meio ambiente. Além disso, fornece carne e leite utilizados tanto para consumo quanto na produção de queijos e outros derivados.

De acordo com a pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, Ana Clara Cavalcante, o consumo da carne caprina tem ganhado destaque nacional. “É um alimento que está presente na mesa, especialmente das populações do Nordeste e também do Sul. Há regiões onde o consumo supera 20 quilos per capita de carne por ano”, afirmou.

Desde 1975, a Embrapa desenvolve pesquisas com caprinos e ovinos no Nordeste, com foco no melhoramento genético, na alimentação e no bem-estar dos animais. Segundo Ana Clara, a difusão tecnológica tem impulsionado o setor nos últimos anos. “Uma herança que a gente tem do pós-pandemia é o acesso dos produtores e técnicos às tecnologias digitais, por meio de cursos online e aplicativos voltados ao manejo dos rebanhos”, destacou.

A pesquisadora ressalta ainda que mulheres e jovens têm se destacado na criação desses animais no Ceará, impulsionando a produtividade e a inserção de novas práticas de manejo.

Exportações de carne caprina no Ceará

Com o avanço da atividade, o Estado mira agora o mercado consumidor islâmico. O Cluster Halal está em andamento e reúne produtores e instituições para garantir a produção, certificação e o abate conforme as normas religiosas. A iniciativa é coordenada pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) e pelo Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec).

De acordo com Amorim Sobreira, diretor de Sanidade Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri), o projeto exige padrões rigorosos. “O abate halal segue um formato religioso, mas também atende às exigências do país importador. Será uma carne totalmente voltada para exportação”, explicou.

O diretor destacou ainda que a Adagri será responsável pela fiscalização da criação, manejo e abate dos animais. “Existe todo um manejo sanitário dentro da propriedade: alimentação de qualidade, água potável, medicações contra verminoses e vacinações. Tudo isso garante um animal saudável e uma carne segura para o consumo”, afirmou.

O selo de qualidade para exportação será expedido pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura.

Ana Clara Cavalcante acredita que o Cluster Halal vai fortalecer o agronegócio cearense e ampliar sua presença no mercado internacional. “Estamos prontos para entregar um produto com qualidade sanitária e agregar valor à carne de caprino e ovino produzida no Ceará. Essa é uma oportunidade real de desenvolver uma nova commodity no Estado”, concluiu.

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