Cinquenta açudes estão sangrando no estado, o melhor índice da década.
Açude Santa Maria de Aracatiaçu, em Sobral, foi um dos açudes a sangrar nesta quadra chuvosa. Ele fecha o período com mais de 99% de recarga.
O Ceará chega ao fim da quadra chuvosa de 2024 (fevereiro a maio), nesta sexta-feira (31), com o melhor abastecimento hídrico nos reservatórios monitorados pelo Estado dos últimos 12 anos. Com aporte de 56,9% nos 157 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o volume é quase 6 pontos percentuais acima do observado ao fim da quadra chuvosa do ano passado (51%). O montante representa mais de 10,5 bilhões de metros cúbicos de água armazenados.
Além disso, o Ceará fecha o período, no qual, historicamente, se concentram as principais chuvas do ano, com 50 reservatórios sangrando, melhor número, para o intervalo, da última década. Outros 32 açudes estão acima dos 90% de capacidade e 20, abaixo dos 30%. Em 2012, por exemplo, o Estado chegou a 31 de maio com 62,5% de recarga (11,6 bilhões de metros cúbicos). À época, apenas 147 açudes eram monitorados.
SÉRIE HISTÓRICA
2024: 56,9% (50 açudes sangrando) *157 açudes monitorados
2023: 51,0% (43 açudes sangrando)
2022: 38,1% (39 açudes sangrando)
2021: 29,9% (10 açudes sangrando)
2020: 34,4% (34 açudes sangrando)
2019: 21,3% (28 açudes sangrando)
2018: 17,0% (14 açudes sangrando)
2017: 12,6% (9 sangrando)
2016: 11,9% (1 sangrando)
2015: 18,3% (1 sangrando)
2014: 30,5% (0 sangrando)
2013: 41,3% (1 sangrando)
2012: 62,5% (2 sangrando)
2011: 81,3% (47 sangrando)
2010: 67,6% (2 sangrando) *147 açudes monitorados
No geral, quatro regiões do Ceará fecham a quadra invernosa de 2024 acima de 90% das suas capacidades de armazenamento (Acaraú, Baixo Jaguaribe, Coreaú e Litoral).
Além disso, os cinco maiores reservatórios do Estado também ganharam aportes importantes. O Araras, na Bacia do Acaraú, quarto maior, está com 100% da capacidade. O reservatório não vertia desde 6 de junho de 2020 e iniciou a quadra chuvosa (1º de fevereiro) com 75,74% de recarga. O Orós [2º maior], tem 74,86% de abastecimento, tendo iniciado a quadra chuvosa com 50,64%. Já o maior açude do Ceará, o Castanhão, chegou a 36,33% de sua capacidade – em 1º de fevereiro, eram 23,11%. A terceira maior barragem cearense, o Banabuiú, registra 42,86%, que representa o melhor volume desde 2013. O Banabuiú começou a quadra chuvosa com 36,38%.
O 5º maior reservatório do Ceará, o açude Figueiredo, em Alto Santo, tem 35,73% de abastecimento, melhor resultado desde o início de sua operação, em 2013.
CHUVAS
O bom aporte nos açudes cearenses reflete o volume expressivo de chuvas observado nesta quadra chuvosa. Conforme dados parciais da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), choveu uma média de 754.4 mm no Ceará entre fevereiro e maio. O normal para o período é de 609.2 mm, representando, portanto, um desvio positivo de 23.8%. Como os dados ainda não estão consolidados, o resultado pode sofrer alguma modificação ao longo dos próximos dias. Ainda assim, já refletem um cenário positivo e vão na contramão das previsões iniciais, de chuvas abaixo da média.
Fevereiro apresentou o maior desvio positivo (90.2%) em relação ao normal observado. Já maio, quando, normalmente, as chuvas ficam mais reduzidas, fechou o intervalo 13.4% abaixo do normalmente observado. Ainda assim, os últimos dias do último mês da quadra chuvosa apresentaram boas precipitações. Entre quinta e sexta-feira (31), por exemplo, choveu em cerca de 120 cidades. Entre quarta e quinta-feira (30), por sua vez, 78 municípios registraram precipitações.
- Fevereiro: 230.7 mm (desvio positivo de 90.2% – 121.3 mm)
- Março: 233.3 mm (desvio positivo de 13% – 206.5 mm)
- Abril: 226.1 mm (desvio positivo de 18.6% – 190.7 mm)
- Maio: 78.6 mm (desvio negativo de -13.4% – 90.7 mm)