O fechamento de agências bancárias no Ceará foi debatido na tarde de ontem (29), em audiência pública conjunta realizada pela Assembleia Legislativa do Ceará e a Câmara Municipal de Fortaleza. O encontro ocorreu na sede do Legislativo estadual e foi solicitado pelo vereador Dr. Vicente (PT) e pelo deputado estadual Guilherme Sampaio (PT). O grupo estuda medidas para conter a redução do número de agências e da quantidade de trabalhadores.
“Desde 2014, foram fechadas aproximadamente 91 agências bancárias, principalmente nas cidades do interior. E isso prejudica muito a população mais pobre da periferia das capitais, das cidades grandes e também das cidades pequenas do Interior”, afirmou o vereador.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas do Ramo Financeiro no Ceará (Sintrafi/CE), José Eduardo Marinho, afirmou que o Banco do Nordeste, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Santander, o Itaú e o Bradesco divulgaram um lucro total de mais de R$ 64 bilhões no primeiro semestre de 2025.
Marinho alega que os bancos públicos não fecharam nenhuma agência nos últimos três anos no Ceará, mas o Itaú teria fechado dez unidades em Fortaleza; o Santander fechado 14 – sete em Fortaleza; e o Bradesco encerrado 17 agências e 36 postos de atendimento, a maioria no Interior.
“Se os bancos estivessem quebrando no Brasil, até que a gente podia achar que era por causa disso. Mas o que a gente está observando é que os bancos continuam lucrando e muitos bilhões de reais, cada vez mais. Portanto, essa não é uma estratégia de aperfeiçoamento de qualidade de serviço. Essa é uma estratégia consolidada de maximização do lucro às custas da qualidade de vida do povo e do serviço prestado à população”, disse o deputado.
Para Guilherme Sampaio, a medida prejudica parte da população que necessita do serviço presencial, além dos impactos econômicos para a economia local.
A secretária-geral do Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB/CE), Elvira Ribeiro Madeira, alertou para que a redução do quadro de funcionários dos bancos estaria levando ao adoecimento mental dos trabalhadores. “Nós estamos falando hoje de um percentual de adoecimento da ordem de 30% dos nossos colegas bancários afastados por adoecimento. Isso é muito grave”.
Próximos passos
Durante o encontro, os vereadores e deputados decidiram que irão articular, junto à bancada federal cearense na Câmara dos Deputados, uma reunião com a presidência da Caixa Econômica Federal. A articulação deverá ocorrer por intermédio do líder do Governo na Câmara Federal, o deputado José Guimarães.
O grupo também estuda apresentar um projeto de lei com procedimentos para garantir um atendimento mínimo oferecido à população. A discussão também pode ser levada ao Ministério Público do Trabalho (MPT) como forma de denúncia, em resposta à invasão de privacidade e intimidade dos trabalhadores de bancos em trabalho remoto.
Novas audiências públicas também podem ocorrer na Câmara Federal e pelos programas Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), e o de Orientação, Proteção e Defesa do Consumidor (Procon).