O Ceará se destaca não apenas pela sua produção, mas também pela sua capacidade de exportação. O Estado é o segundo que mais envia melão para o exterior, com 34,7% das exportações nacionais do produto. Além disso, ocupa posições de destaque na exportação de melancia, com 23,8% das exportações brasileiras.
De janeiro a outubro, o agro cearense também registrou um número recorde: saldo positivo de US$ 198,1 milhões, aproximadamente R$ 1,2 bilhão, na balança comercial, refletindo o desempenho favorável do setor. As exportações totalizaram US$ 340,3 milhões, com destaque para cera de carnaúba, que cresceu 34,1% e alcançou US$ 66,4 milhões, e pescados, que aumentaram 25,2%, totalizando US$ 88,1 milhões. A China também apresentou um crescimento expressivo de 49,1% nas compras de produtos cearenses. Os números são do relatório Setorial em Comex, elaborado pelo Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN/CE) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
“Temos alguns desafios como a instabilidade climática e a própria competição global, mas o Estado demonstra resiliência e diversificação, reforçando sua posição como um importante ator no mercado internacional. A diversificação de mercados e a ampliação de produtos com maior valor agregado seguem como estratégias essenciais para o crescimento sustentável do setor”, destaca Karina Frota, presidente do Conselho de Relações Internacionais da Fiec e gerente do CIN. A força nas exportações é resultado do investimento contínuo em qualidade e produtividade, além de uma infraestrutura logística que facilita o escoamento da produção para mercados internacionais. O Porto do Pecém, por exemplo, tem sido fundamental para o crescimento.
Pescados
Um dos programas que podem auxiliar o setor é a Caravana do Agro Exportador, promovida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), abordando as potencialidades da aquicultura e pesca no Ceará como vetores de desenvolvimento econômico e inserção no mercado internacional.
“Temos uma localização estratégica no Atlântico, temos uma infraestrutura portuária moderna e temos condições de produzir, seja na agricultura, na pecuária, na aquicultura ou na pesca. Representamos mais de 50% da produção nacional de camarão”, disse Silvio Carlos Ribeiro, secretário executivo do Agronegócio da SDE.
Desafios
Apesar do grande potencial e dos resultados expressivos, o agronegócio cearense ainda enfrenta desafios como a escassez de água, a necessidade de modernização das infraestruturas de transporte e o impacto das mudanças climáticas na agricultura e na pecuária. O uso eficiente dos recursos hídricos, por meio de tecnologias de irrigação e o fortalecimento das cadeias produtivas com foco na sustentabilidade, serão cruciais para garantir o crescimento do setor no futuro.
Para João Teixeira Júnior, CEO da Frutacor, o setor da fruticultura irrigada, por exemplo, tem um grande potencial no mercado, porém é necessário uma segurança hídrica maior para que haja novos investidores. “A fruticultura irrigada é uma atividade que dá resultado. Tem seus riscos, como a falta de segurança hídrica que já houve no passado. Agora, com o advento da Transposição do Rio São Francisco e Ramal do Salgado pode ser que, dentro de três anos , tenhamos uma certa garantia”, projeta Teixeira.