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AGRO

Governo sinaliza apoio a empresários afetados; agro cearense aguarda desfecho

Equipe econômica do Ministério da Fazenda destacou a possibilidade de criar um programa de apoio após os EUA anunciarem tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Agro cearense aguarda desfecho e trata mercado norte-americano como “imprescindível”

Diante da iminente aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos — com início previsto para 1º de agosto —, o Ministério da Fazenda trabalha na formulação de um plano de contingência para atenuar os impactos econômicos da medida. A afirmação foi feita na segunda-feira (21) pelo ministro Fernando Haddad, que ressaltou o esforço da equipe econômica em construir cenários e alternativas de resposta diplomática e comercial.

“Estamos preparando alternativas para apresentar ao presidente [Lula], mas punir empresas ou cidadãos americanos não está em discussão”, disse Haddad em entrevista à rádio CBN. O ministro classificou a medida como “inesperada” e “economicamente injustificável”, destacando que o governo deve manter a mesa de negociações aberta, sem recorrer a retaliações. Em resumo, aguarda uma posição de Donald Trump. Contudo, Haddad destaca que o plano de contingência não necessariamente vai implicar em novos gastos públicos. Ele lembrou, por exemplo, que na ajuda às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, o governo federal adotou outros instrumentos além do aumento de despesas, como linhas de crédito.

Ceará

Vale mencionar que os setores mais ameaçados estão o agronegócio e a indústria do aço. Produtos como café, frutas, celulose, aço, água de coco, pescado e cera de carnaúba, amplamente exportados aos EUA, podem sofrer perdas bilionárias. O Ceará segue na esteira das preocupações, já que o Estado é fortemente dependente do mercado norte-americano. “O impacto é certo, não é uma suposição”, alerta Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec).

Segundo ele, 32% das exportações do agronegócio cearense em 2023 tiveram os Estados Unidos como destino. “Não é só fruta. Exportamos água de coco, pescado, cera de carnaúba… É uma série de produtos. O mercado americano é o maior parceiro comercial do Ceará. Talvez o Estado seja um dos mais afetados do Brasil.”

O presidente ressalta que o mercado norte-americano é imprescindível para o desenvolvimento do agronegócio cearense e não pode ser substituído com facilidade. “Lamento que o ministro fale em alternativas. O que tem que acontecer é a diplomacia resolver o que está posto. A tarifa de 50% é irrazoável. Falta habilidade ao governo brasileiro nesse momento”, critica. Ele defende que divergências políticas ou ideológicas não devem contaminar as relações comerciais. “Temos planejamento de longo prazo para dobrar as exportações, e isso depende do mercado americano. Relações comerciais não se misturam com política”, afirma.

Planejamento

Já o economista Ricardo Coimbra destaca a necessidade de um planejamento técnico e articulado para enfrentar o cenário. “O governo está analisando os impactos setor a setor, e de que forma essas consequências podem ser pulverizadas ou mitigadas com medidas de contingência”, explica.

Para ele, o foco deve estar em setores mais vulneráveis, como o de frutas, café e laranja, onde os efeitos da tarifa podem ser mais agudos. “É fundamental que esse plano seja construído em diálogo com o Congresso, com medidas que não comprometam o equilíbrio fiscal do País.”

Por ora, a Faec afirma não ter sido procurada por representantes do governo federal ou estadual para discutir alternativas de apoio aos produtores afetados. “A única saída, no momento, é a diplomacia. Não há nenhuma conversa oficial em andamento sobre medidas compensatórias”, disse Amílcar Silveira.

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