O estudo demonstrou como o uso de drones com sensores especiais pode tornar a irrigação agrícola mais estratégica e eficiente, especialmente em áreas com falta de água
Em busca de evoluções tecnológicas visando diminuir a escassez hídrica, uma pesquisa desenvolvida no campus de Iguatu do Instituto Federal do Ceará (IFCE) demonstrou como o uso de drones com sensores especiais pode tornar a irrigação agrícola mais estratégica e eficiente, especialmente em áreas com falta de água. O estudo, publicado na revista Engenharia Agrícola, mostra que é possível monitorar o estado hídrico das plantas em tempo real e prever a produtividade da lavoura de milho com base em imagens aéreas.
A pesquisa foi realizada como Trabalho de Conclusão de Curso do egresso Mateus Lima Silva, então aluno de Engenharia Agrícola no IFCE e atualmente mestrando na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). A orientação ficou a cargo do professor Alexandre Reuber, com apoio do CNPq e participação de outros docentes e estudantes do campus.
De acordo com Mateus, a metodologia adotada permite uma análise não destrutiva das plantas, possibilitando decisões mais precisas sobre quando e quanto irrigar. “Isso facilita bastante o manejo de áreas irrigadas e também ajuda na estimativa de produtividade em áreas de sequeiro”, destaca.
O experimento foi conduzido entre outubro e dezembro, durante a estação seca na região de Iguatu. Foram testados cinco níveis de irrigação, de 20% a 100% da necessidade da planta, aplicados em quatro fases do ciclo do milho. Os voos com drones foram realizados semanalmente, utilizando o modelo DJI Phantom 4, equipado com câmera multiespectral, capaz de captar informações além do espectro visível, como o infravermelho próximo.
Com as imagens geradas, os pesquisadores analisaram dez índices de vegetação, dos quais cinco são multiespectrais e cinco baseados em câmeras RGB. O NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) se destacou por sua capacidade de classificar os níveis de estresse hídrico das plantas em quatro categorias: severo, crítico, médio e leve ou ausente. Outro índice promissor foi o GLI, que também apresentou boa correlação com o estado da cultura.
Além do monitoramento, os dados coletados permitiram aos pesquisadores estimar a produtividade da lavoura com base em faixas de valores dos índices de vegetação. Foram elaboradas tabelas práticas que ajudam o agricultor a planejar sua produção com maior precisão.